Em 1927 a moda do cabelo curto à la Garçonne ainda não reunia o consenso de todos, como vemos nesta divertida prancha de Emmerico Nunes. Ai do pai ou do seu homem que consentisse na "garçonisse" destas ousadas mulheres.
Sempre sofremos muito no cabeleireiro a tratar das nossas guedelhas e gaforinas...Pergunto-me para quê às vezes.
12 comentários:
A minha avó, sempre muito 'à frente', confidenciou-me que uma das melhores invenções teria sido a deste corte aqui referido.
Tendo muito cedo perdido a mãe e proibida pela sua avó com quem vivia destas 'modernices', apesar de ser uma rapariga da baixa lisboeta, contou-me ter andado em casa com um volume postiço de cabelo em forma de carrapito para não ser repreendida... um belo dia, o postiço ficou na mão da 'educadora', tendo dado origem a uma memorável discussão.
Em Sesimbra a moda acabou por resultar em que os pescadores batizaram como "Garçone" (também se pronuncia "Graçone") um dos "mares" desta costa ("mar" como sinónimo de pesqueiro). Também foi usado como nome de barcas, como é o caso desta barquinha de Manuel "Pau-Seco", A Garçone.
Em 1932 a tabela da arte era esta.
A minha avó sempre manteve o cabelo longo. Só cortou pra dar a uma Nossa Senhora de Esposende:)
J A Aldeia: E como era o corte à inglesa? :)
Também me lembro da minha avó J. usar este corte. Aliás não tenho nenhuma imagem dela sem ser "à la Garçone".
Como na família há a opinião generalizada que sou a imagem (e feitio acrescentaria o meu irmão) desta avó, creio que o facto de ter cortado o cabelo curto (muito)há umas semanas terá aumentado essa semelhança ;)
... a minha avó bem argumentava para conseguir que eu cortasse o cabelo como ela tanto apreciava, mas... sem efeito:)
Quanto a oferecer o cabelo a N. Senhora de Esposende, essa decisão parece - nos nossos dias - surpreendente.
Penso que ainda hoje é o cabelo dela. A minha família materna era muito religiosa ao contrário da paterna. Tenho a fotografia e tudo.
T: não sei como seria o corte "à Inglesa". Creio é que, ao contrário do que insinuava o formigueiro conservador, o corte à Garçonne era bastante feminino (ou seja, era tão "masculino" como os cabelos dos Beatles eram "grandes"). Mas também havia aqui o corte "à Joãozinho", para rapazes e para raparigas, e que esse, sim, era mesmo curto e "à rapaz". Ou melhor, como se diz em Sesimbra, "à rapaz pequeno", porque "rapaz" é um tratamento amigável que pode ir até aos cinquentas ("Faleceu fulano tal, que pena, era rapaz da minha idade", diz outro já a cair da tripeça.)
Quadra de 1931, referindo-se ao mesmo assunto:
Toda a arte bizarra de Colette
A apoteose tem no seu cabelo
Sua cabeça, triunfal «maquette»
Serviu ao mundo inteiro de modelo.
Uma pergunta:
A Beatriz Costa não adoptou este tipo de penteado!?
Aquela grande Senhora que nos concursos assim dizia:
'dou-lhe 5 pontos, porque não lhe posso dar mais!'
Acho que depois dela, o pentedo deixou de ser "A Garçonne" e foi nacionalizado para:
"À Beatriz Costa"!
César
Retiro a pergunta que fiz!
Beatriz Costa (1907-1996) não adoptou este penteado!Teve o seu estilo próprio de franjinha.
Se quisermos, seguiu o estilo de penteado de Louise Brooks (1906-1985), musa do cinema mudo americano.
Superior a Garbo e a Dietrich, deixou o Cinema aos 32 anos por recusar prostituir a s/força de trabalho aos magros 'cachets'que os patrões da 7ª arte pagavam!
http://diasquevoam.blogspot.com/2006/02/valentina-crpax-e-louise-brooks.html
E uma rapariga nova, referindo-se a uma senhora de 80 anos, como dizia a minha avó:)
Enviar um comentário